terça-feira, 24 de junho de 2008

Dia 10, Ourique - Aljezur, 130 km




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Mais uma vez não se conseguiu sair à hora previamente combinada e o Miguel fartou-se de reclamar, e com razão. A verdade é que o Filipe não conseguia estar totalmente acordado às 6 da manhã, as primeiras pedaladas eram ainda a dormir em cima da bicicleta. Lá se partiu em direcção a Corte Malhão, como os trilhos gravados no GPS estavam desactualizados foi necessário voltar a improvisar. Por sorte encontrou-se um distribuidor de gás que prestou informações bastante simples e precisas por caminhos agrícolas e florestais para cerca de 30 kms. Foi impressionante como ele conseguia ter de memória tantos kms. Os guias Miranda e Sérgio seguiram de GPS desligado seguindo apenas as indicações dadas. Tudo correu bem até à ponte sobre a albufeira do rio Mira, altura em que eles descobriram que se estava a andar na direcção errada, ainda tentaram avisar os mais adiantados mas gerou-se alguma confusão e durante algum tempo chegaram todos a estar à espera uns dos outros. Como o Filipe e o Miguel iam adiantados foram levados a fazer uns kms a mais, ainda por cima em terreno com declive acentuado. Reunido o grupo novamente havia que voltar para trás e tentar encontrar a direcção certa, pediram-se novamente informações, desta vez a madeireiros que andavam a cortar árvores no meio da serra, estes lá nos indicaram que se estava na direcção certa. Almoçou-se junto à barragem de Santa Clara. Neste dia não houve tempo para a habitual sesta, seguiu-se viagem em direcção a Sabóia. Quando se chegou lá aproveitou-se para abastecer os estômagos e levar qualquer coisa mais para a viagem. Ia-se entrar na Serra Espinhaço de Cão e portanto longe de qualquer possibilidade de reabastecimento. Ali o trilho que estava gravado no GPS já era fiável, por isso passou-se a segui-lo. A serra era bastante irregular, com subidas e descidas de declive acentuado e o piso estava em péssimo estado. A passagem por esta serra foi bastante exigente para o material, havia muito pó, muita pedra solta, muitos regos bastante profundos, toros caídos no meio do caminho e os habituais cães à solta. Foi lá que muito provavelmente o Sérgio perdeu a carteira, telemóvel e mapa das contas da travessia. Apesar do calor não ser tão intenso como nas etapas do Alentejo, o esforço foi prolongado, o que fez com que o stock de água tivesse esgotado. Pela serra só se foram encontrando pessoas, principalmente estrangeiros, que vivem de forma muito alternativa, isolados do mundo e muito pouco sociáveis, à nossa passagem poucos foram os que retribuíram a nossa saudação. Nem sequer nos atrevemos a pedir-lhes água. Lá se encontrou finalmente uma Sra. Portuguesa que andava a cuidar do seu quintal, já à saída da serra a caminho de Rogil. Metemos conversa com ela. Inicialmente ela ficou algo surpreendida com a nossa interpolação mas depois foi bastante prestável. Encheu-nos os bidões com água da sua fonte privada, trocou dois dedos de conversa connosco, participou na sessão fotográfica. Ainda deu para brincar com um cão lavrador e com um outro arraçado de pastor alemão pertença da Sra., finalmente encontravam-se dois caninos simpáticos e brincalhões. Mais umas quantas subidas e descidas e chegou-se a Rogil. Como era cedo e o alojamento em Aljezur não seria difícil de conseguir resolveu-se ir para lá. O trilho seguiu para oeste e permitiu ver pela primeira vez o mar ao fim dos kms todos de travessia já efectuados. As vistas voltaram a ser fantásticas, o que compensava as subidas e descidas que já começavam a pesar nas pernas. O dia já ia longo, cerca de 130 kms e um acumulado de subida na ordem dos 3000 metros. A chegada a Aljezur foi por volta das 20:30. O alojamento foi numa residencial. Seguiu-se a rotina diária.

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