quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dia 11, Aljezur - Sagres, 64 Km





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Não se tomou o pequeno-almoço devido à hora tão madrugadora. Eram supostos terem aparecido todos às 6:00 para tirarem as bicicletas da garagem mas como já vinha sendo hábito o Miguel começou o dia com razões para reclamar. Antes de iniciar o último dia da travessia tomou-se o pequeno-almoço num café ainda em Aljezur, já conhecido do Filipe e do Miranda, por lá terem parado no Tróia – Sagres 2007. A etapa começou com a subida até ao Castelo, era a primeira de muitas subidas do dia. Não houve marco geodésico que não se tivesse de visitar. As vistas de mar a partir das falésias eram fantásticas, o que compensava o declive das subidas e o elevado grau técnico do percurso. A seguir à visita de cada marco, seguia-se sempre uma descida até à praia. Esta etapa caracterizou-se por oferecer uns single tracks bastante bonitos, apesar de algumas partes terem sido feitas de bicicleta à mão, não valia a pena arriscar, o objectivo estava tão próximo que seria uma desilusão enorme não o conseguir atingir devido a algum excesso. As descidas das falésias foram bastante exigentes para as bicicletas, já todas apresentavam mazelas mas as mais evidentes era a do Filipe que tinha um rádio partido e a do Miranda já tinha menos 2 raios, ambos na roda traseira, muito provavelmente devido ao peso dos alforges. Na última praia, antes do trilho abandonar a zona da costa vicentina, aproveitou-se para fazer um pequeno reforço alimentar. Depois disso começou-se a divergir um pouco para o interior em direcção a um parque eólico, obviamente para visitar mais um marco geodésico. A partir dali foi pedalar já com a fortaleza de Sagres à vista. Já com a meta à vista volta a ocorrer um furo na bicicleta do Filipe, talvez por já não estar a usar câmara-de-ar de gel. Desta vez tratava-se mesmo de um furo lento e como a meta era já ali, não havia necessidade de reparar a avaria mas foi necessário andar a dar ar de 20 em 20 minutos, ou talvez nem tanto. O Sérgio era defensor da teoria que se tratava de um castigo por o Filipe andar na bicicleta como se de um sofá se tratasse. Na verdade, ele tinha era inveja de não andar numa suspensão total. O conforto oferecido por este tipo de bicicleta é realmente muito superior às semi-rígidas. De referir no entanto, no caso da bicicleta do Filipe, aquilo mais parece uma suspensão de uma mota, com os quilos adicionais incluídos. Chegou-se à praia da Baleeira à hora de almoço. Era o fim com sucesso de uma grande aventura que permitiu conhecer melhor Portugal e que deixou umas histórias interessantes para contar.

Ligação a Portimão:
Após a chegada a Sagres e restabelecidas as forças ainda faltava ir até Portimão. Pois era lá que se iria dormir, em casa do Sérgio e que estava combinado o encontro com a boleia conseguida pelo Miguel para o regresso até ao norte. Antes de partir reparou-se o furo do Filipe e almoçou-se no restaurante da praia da Baleeira. Inicialmente o vento contra foi um obstáculo duro de vencer mas mesmo assim manteve-se sempre um bom ritmo de pedalada. À chegada a Portimão seguiu-se uma longa sessão de compras pelo hipermercado da zona. O jantar foi cozinhado mais uma vez pelo Miguel. A sobremesa a pedido do Filipe foi melancia. O dia terminou com uma volta por uma zona turística de Portimão onde se aproveitou para falar da travessia.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Dia 10, Ourique - Aljezur, 130 km




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Mais uma vez não se conseguiu sair à hora previamente combinada e o Miguel fartou-se de reclamar, e com razão. A verdade é que o Filipe não conseguia estar totalmente acordado às 6 da manhã, as primeiras pedaladas eram ainda a dormir em cima da bicicleta. Lá se partiu em direcção a Corte Malhão, como os trilhos gravados no GPS estavam desactualizados foi necessário voltar a improvisar. Por sorte encontrou-se um distribuidor de gás que prestou informações bastante simples e precisas por caminhos agrícolas e florestais para cerca de 30 kms. Foi impressionante como ele conseguia ter de memória tantos kms. Os guias Miranda e Sérgio seguiram de GPS desligado seguindo apenas as indicações dadas. Tudo correu bem até à ponte sobre a albufeira do rio Mira, altura em que eles descobriram que se estava a andar na direcção errada, ainda tentaram avisar os mais adiantados mas gerou-se alguma confusão e durante algum tempo chegaram todos a estar à espera uns dos outros. Como o Filipe e o Miguel iam adiantados foram levados a fazer uns kms a mais, ainda por cima em terreno com declive acentuado. Reunido o grupo novamente havia que voltar para trás e tentar encontrar a direcção certa, pediram-se novamente informações, desta vez a madeireiros que andavam a cortar árvores no meio da serra, estes lá nos indicaram que se estava na direcção certa. Almoçou-se junto à barragem de Santa Clara. Neste dia não houve tempo para a habitual sesta, seguiu-se viagem em direcção a Sabóia. Quando se chegou lá aproveitou-se para abastecer os estômagos e levar qualquer coisa mais para a viagem. Ia-se entrar na Serra Espinhaço de Cão e portanto longe de qualquer possibilidade de reabastecimento. Ali o trilho que estava gravado no GPS já era fiável, por isso passou-se a segui-lo. A serra era bastante irregular, com subidas e descidas de declive acentuado e o piso estava em péssimo estado. A passagem por esta serra foi bastante exigente para o material, havia muito pó, muita pedra solta, muitos regos bastante profundos, toros caídos no meio do caminho e os habituais cães à solta. Foi lá que muito provavelmente o Sérgio perdeu a carteira, telemóvel e mapa das contas da travessia. Apesar do calor não ser tão intenso como nas etapas do Alentejo, o esforço foi prolongado, o que fez com que o stock de água tivesse esgotado. Pela serra só se foram encontrando pessoas, principalmente estrangeiros, que vivem de forma muito alternativa, isolados do mundo e muito pouco sociáveis, à nossa passagem poucos foram os que retribuíram a nossa saudação. Nem sequer nos atrevemos a pedir-lhes água. Lá se encontrou finalmente uma Sra. Portuguesa que andava a cuidar do seu quintal, já à saída da serra a caminho de Rogil. Metemos conversa com ela. Inicialmente ela ficou algo surpreendida com a nossa interpolação mas depois foi bastante prestável. Encheu-nos os bidões com água da sua fonte privada, trocou dois dedos de conversa connosco, participou na sessão fotográfica. Ainda deu para brincar com um cão lavrador e com um outro arraçado de pastor alemão pertença da Sra., finalmente encontravam-se dois caninos simpáticos e brincalhões. Mais umas quantas subidas e descidas e chegou-se a Rogil. Como era cedo e o alojamento em Aljezur não seria difícil de conseguir resolveu-se ir para lá. O trilho seguiu para oeste e permitiu ver pela primeira vez o mar ao fim dos kms todos de travessia já efectuados. As vistas voltaram a ser fantásticas, o que compensava as subidas e descidas que já começavam a pesar nas pernas. O dia já ia longo, cerca de 130 kms e um acumulado de subida na ordem dos 3000 metros. A chegada a Aljezur foi por volta das 20:30. O alojamento foi numa residencial. Seguiu-se a rotina diária.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Dia 9, Serpa - Ourique, 104 km



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Tentou-se sair cedo mas mais uma vez houve atrasos. O que deixava sempre o Miguel visivelmente irritado. Ele tinha razão, havia sempre um aventureiro que se atrasava pela manhã. O pequeno-almoço estava de comer e chorar por mais, foi do tipo buffet, com uma qualidade bastante boa e enorme variedade de oferta. Se não fosse o Miranda a impor as regras militares alguns dos aventureiros tinham demorado bem mais tempo a tomar o pequeno-almoço. A Sra. da residencial Serpinia foi super prestável, estava sempre disponível para ajudar, disponibilizou serviço de secagem da roupa e ainda deu umas dicas relativamente aos caminhos que se deviam seguir. Na zona do Alqueva, o GPS não teve grande utilidade por que os tracks que estavam carregados já tinham alguns anos e não previam as inundações provocadas pelo enchimento da barragem, por isso recorreu-se a informações prestadas por pessoas da zona. Iniciou-se o dia a seguir a direcção apontada pela Sra. da residencial mas mal se cruzou o trilho optou-se por seguir por ele. Ao tomar essa opção estava-se a entrar para um beco sem saída mas lá se foi no pleno convencimento que era a melhor decisão. Seguiu-se por um sobe e desce constante a provar que o Alentejo não é assim tão plano como usualmente se costuma pensar. Encontraram-se uns rafeiros Alentejanos que deixaram bem claro o seu desagrado por verem ali um grupo nada usual de ciclistas. Aqueles dentes afiados, sabe-se agora, eram a forma mais simpática de eles avisarem que o caminho não era por ali. Um pouco mais à frente, foi a vez de uns patos domésticos acharem a nossa presença, por aquelas paragens, bastante estranha e puseram-se a voar, o que podia ter dado em tragédia, um deles ainda se estatelou contra uma vedação. Estava-se nitidamente a seguir pelo caminho errado, toda a bicharada parecia perceber isso mas nós lá íamos a seguir o trilho. O erro só ficou bem perceptível quando se deu de caras com um rio de caudal e correntes intransponíveis, nem dava para acreditar. Nesse momento a moral dos aventureiros baixou um número de pontos bastante significativos. Era novamente o Guadiana que naquela zona serpenteia pelo Alentejo. Após se ter tomado conta da realidade havia que desfazer os últimos mais de 8 kms e mais difícil do que isso, voltar a enfrentar os tão pouco simpáticos cães. Lá se reentrou novamente na estrada de alcatrão mas voltou-se a falhar o cruzamento em direcção a Quintos. A aventura é aventura, não se ia voltar novamente para trás. Atalhou-se logo ali, no sítio onde se identificou o erro, por meio de um olival, e até correu bem, nada de cães raivosos, nem de outro tipo de animais antipáticos e nem sequer se tiveram de transpor vedações. Percorreram-se vários kms por estradões em direcção a Quintos, onde se voltou a encontrar o trilho. Mais uma vez decidiu-se seguir por ele, até que este nos encaminhou para um portão de entrada numa herdade. Inicialmente o portão aparentava estar fechado mas o Miguel verificou que estava apenas no trinco. Entrou-se por ali a dentro, até que um empregado da herdade nos abordou e perguntou onde pretendíamos ir. Após se explicar a nossa aventura mas que naquele instante se estava um pouco perdido, o Sr. explicou que o caminho antigo que estávamos a seguir já não existia, tinha sido destruído há cerca de 2 anos pelo seu patrão para dar lugar a um olival e que tínhamos obrigatoriamente de seguir por estrada. Encheram-nos os bidões com água e explicaram-nos por onde tínhamos de seguir. Nesse dia ficou decidido não arriscar mais a seguir o trilho, os GPS’s foram desligados e seguiu-se por estrada em direcção a Ourique, umas vezes pelo IP2 outras vezes pela estrada antiga paralela ao IP2. Eram rectas a perder de vista e estava um calor abrasador. Atingida a hora de almoço, decidiu-se parar para almoçar debaixo de um chaparro, ainda mal se estava instalado, apareceu um alentejano a dizer ser o dono do chaparro e a advertir para não se fumar ali. Explicou-se-lhe que ninguém do grupo fumava, ofereceu-se-lhe do almoço mas ele não aceitou, disse que ia tratar de fazer o mesmo e seguiu viagem. Após o almoço, cada um socorrendo-se da palha que por ali havia resultante da ceifa do trigo, arranjou uma cama para dormir a tão típica sesta à sombra do chaparro. Depois de restabelecidas as forças continuou-se estrada fora em direcção a Castro Verde. Chegado lá, o Miranda achou melhor tentar encontrar uma oficina de bicicletas para comprar câmaras-de-ar. Entrou no primeiro café que viu para pedir informações e veio de lá com um Sr. que se prontificou a ir servir de guia até à oficina. Por momentos teve-se direito a carro batedor. Foi uma entrada em grande em Castro Verde, algo veloz, foi preciso pedalar com força para o conseguir acompanhar. Enquanto se esperava que o Miranda trocasse algumas impressões técnicas sobre as mais recentes tecnologias de bicicletas, o Sérgio foi à padaria comprar línguas da sogra. Os bolos foram devorados e o Miranda continuava à conversa, o Sr. da oficina estava a aproveitar para se actualizar e dizer-se desgostoso por só ter vendido uma vez uns travões de disco. Obviamente não tinha câmaras-de-ar de gel, apenas foi possível arranjar câmaras normais. Foi preciso dizer ao Miranda que já ia sendo tempo de ir embora, estava a fazer-se tarde. Lá se seguiu viagem sempre pela estrada paralela ao IP2, mesmo esta a dada altura tendo um sinal a proibir qualquer trânsito para além de veículos da Brisa. Em resultado dessa teimosia acabou por ter de se voltar para trás, a estrada era o acesso às portagens da Brisa. Não foi nada que não tivesse já acontecido naquele dia, ninguém ficou chateado, seguiram-se as instruções dadas pela Sra. da Brisa e lá se chegou a Ourique ao fim do dia. Ao que se seguiu a rotina diária, ida às compras de supermercado, limpeza das bicicletas, banho, limpeza da roupa, jantar e ir dormir.

domingo, 22 de junho de 2008

Dia 8, Monsarraz - Serpa, 113 Km





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Partida de Monsaraz ao nascer do sol. A etapa começou com a descida do castelo pela estrada convencional que nos levou à ponte sobre o rio Guadiana, onde alguém ouve um barulho vindo da bicicleta do Filipe. Disse ele: “É um furo lento”. Puro engano, só teve tempo de desmontar da bicicleta e confirmar que o pneu traseiro já estava sem ar. Lá ia parte do tempo extra conseguido à custa de um início de dia madrugador. Ficou-se a reparar a avaria em cima da ponte com uma vista fantástica sobre o rio. Após algumas hesitações optou-se por usar a única câmara-de-ar nova que ainda restava. A partir dali não podia haver mais furos, pelo menos até se arranjarem mais câmaras-de-ar. Em Mourão, o Miranda não aguenta mais a fome e entrou num café da terra que apesar de ter bastantes pessoas à porta não apresentava grande quantidade nem qualidade de oferta do quer que fosse para matar a fome àquela hora da manhã. Os restantes aventureiros preferiram ficar na rua à espera, ou no caso do Sérgio ir fazer uma breve visita ao castelo. Logo que se voltaram todos a reunir, partiu-se à procura do trilho mas só após andar a saltar cercas, andar pelo meio de herdades, ora com plantações de oliveiras, ora com plantações de vinhas é que se conseguiu encontrar o trilho. Mais uma vez, somaram-se os kms em herdades com muito gado a pastar, só interrompidos pelas travessias das ribeiras que com o Alqueva se transformaram em rios mas que com algum cuidado sempre foram dando para ultrapassar sem problemas. A paragem seguinte foi uns kms mais à frente na esplanada de um café onde se aproveitou para reforçar as energias. A caminho de Pias, a paisagem alterou-se um pouco, viram-se alguns campos de milho e girassol, agora possíveis naquelas paragens graças à água fornecida pelo Alqueva. Quando se chegou a Pias, já a hora de almoço ia adiantada e o calor apertava, a temperatura andava bem acima dos 30 graus. Não admira que o fresco do restaurante tenha sido o melhor prémio que se podia ter ganho naquela altura. Depois de almoço aproveitou-se para descansar nuns bancos à sombra de umas árvores no mesmo largo onde está situado o restaurante. Só depois se percebeu que o mini jardim é onde os habitantes locais costumam passar a tarde domingo a jogar às cartas e que a nossa presença estava a perturbar a vida social da aldeia mas foi por uma boa causa e também não se teve lá assim tanto tempo. O Miranda mais uma vez encarregou-se de por os aventureiros a pedalar antes que os músculos se habituassem ao descanso. Antes ainda teve de se ir lutar de igual para igual com as vespas que insistiam em querer água da mesma fonte do que nós. Lá se conseguiu vencer mais essa dura batalha e tomar o caminho em direcção a Serpa. Até lá foi sempre a rolar, chegou-se à residencial Serpinia ainda relativamente cedo, o atendimento pela dona da residencial foi bastante atencioso. O Filipe ainda teve tempo para dar umas braçadas na piscina da residencial. O Sérgio nesse dia nem quis ir jantar, ficou no quarto a dormir enquanto os restantes aventureiros foram jantar a um restaurante que ainda obrigou a uma pequena caminhada para lá chegar.

sábado, 21 de junho de 2008

Dia 7, Alegrete - Monsarraz, 145 km




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O dia começou às 5:00. O Miranda obrigou toda a gente a madrugar, incluindo a família da casa onde se ficou alojado. Tomou-se o pequeno-almoço, trocaram-se algumas palavras com o proprietário da quinta, efectuaram-se as despedidas e seguiu-se viagem, em direcção às muitas cancelas que se seguiram. Todas com uma forma diferente de abrir e fechar mas nenhuma tão prática como um passo americano. Foram imensos kms a abrir e fechar cancelas, por meio de herdades, onde havia cavalos, vacas, touros, coelhos, perdizes e cães raivosos que não apreciavam a presença de ciclistas, por várias vezes obrigaram a acelerar a pedalada para lhes fugir. A primeira paragem do dia para reabastecimento de água foi na Quinta de Santo António, onde se pediu e obteve autorização para encher os bidões com água da fonte. A partir dali os kms foram-se somando uns atrás dos outros sem serem avistadas pessoas. Quando se encontraram as primeiras casas ao fim de muitos kms, parou-se para perguntar quanto faltava para Jerumanha, a resposta foi animadora, cerca de 10 a 12 kms. O quintal da casa estava repleto de laranjeiras carregadas de fruto, foi comer até não poder mais e ainda levar umas quantas laranjas para a viagem, tudo com autorização do dono. Andados os 10 kms avistou-se pela primeira vez na travessia o Guadiana onde estava imenso gado a matar a sede nas margens mas da povoação nem sinal. Depois de mais uns kms encontrou-se uma casa isolada com pessoas, as quais informaram que para Jerumanha faltavam mais 10 ou 12 kms. Não estranhamos, uma das características do Alentejanos é ser tudo já ali, talvez por estarem habituados a percorrerem grandes distâncias em terrenos desabitados. A situação estava a ficar uma “seca”, os cantis estavam sem água e a temperatura estava bem acima dos 30 graus. Para agravar a situação o trilho desaguou no Guadiana. Após muito improviso, alguns saltos de vedações com a bicicleta às costas, para evitar os portões fechados a cadeado que impedem a passagem pelos caminhos supostamente públicos, chegou-se a Jerumanha por volta das 14:30. Abancamos no restaurante da terra, para beber água, comer e fugir o calor que se vazia sentir na rua. Depois logo se havia de arranjar coragem para sair do fresco que estava na sala de jantar do restaurante. E assim foi, após o reabastecimento, foi-se à procura de uma sombra para a já habitual sesta. Nada melhor que um castelo abandonado. Cada um escolheu uma sombra para um breve descanso. Até a porta do castelo foi fechada, na tentativa de evitar a entrada de intrusos, tentativa essa que foi gorada, um habitante local achou que devia ir averiguar se se tratava de uma qualquer invasão e entrou por ali a dentro sem pedir licença. Só não perturbou o tão merecido descanso por que já se estava de partida em direcção a Monsaraz. À chegada a Monsaraz os kms acumulados do dia rondavam os 150 e ainda faltava a subida até ao castelo pelo antigo caminho romano. Chegou-se ao castelo ao pôr-do-sol, foi uma correria para arranjar alojamento e local onde jantar. A estadia foi na casa paroquial que está ao cuidado de uma Sra. que nos recebeu de forma muito simpática, o local merecia uma estadia mais prolongada mas por esta vez deu apenas para uma visita rápida pelo castelo já depois de jantar.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dia 6, Vila Velha de Rodão - Alegrete, 96 km




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Saída de Vila Velha de Ródão em direcção às portas do Tejo às 6:30. A hora de saída começou a ser mais cedo para evitar o calor que se fazia sentir por volta da hora do almoço. Os primeiros kms do dia foram fáceis e ofereceram paisagens bonitas e com uma fauna bastante rica, foi possível ver veados, lebres e várias aves de rapina. Depois entrou-se no percurso pedestre Arribas do Tejo e as características do terreno ficaram mais duras, caminhos obstruídos por árvores e subidas por carreiros de cabras com um declive que só foi possível ultrapassar com a bicicleta à mão. Foi-se progredindo no terreno sem grandes problemas até que o Sérgio acertou com o pneu traseiro numa cavilha, após analisado o problema optou-se por não remendar o furo, deu-se apenas mais ar na esperança que o gel da câmara-de-ar resolvesse o problema. Lá se continuou viagem mas apenas por mais cerca de 2 dezenas de kms, depois a dureza do piso voltou a fazer das suas, acabou-se por ter de parar para remendar os vários furos que a câmara-de-ar da roda traseira da bicicleta do Sérgio já tinha. O chefe técnico Miranda, conhecido entre os aventureiros como o Professor Pardal, auxiliado pelo o seu aprendiz, o Miguel, foi quem liderou a operação de reparação da câmara-de-ar e reforço do pneu com a fita multiusos do seu aprendiz. O Sérgio enquanto a operação decorria demonstrou as suas capacidades de limpeza da sua bicicleta e o Filipe limitou-se a ir mandando umas bocas. Reinava a boa disposição. A partir dali foi sempre a rolar até à subida de Castelo de Vide. Algumas partes da subida do trilho pedestre e da calçada romana foram feitas ao lado da bicicleta. Não se parou, sabíamos que mais subidas como aquela ou ainda piores estavam mesmo ali uns kms mais à frente. E assim foi, a subida em calçada romana do Marvão foi feita já debaixo de um calor abrasador. Aqui o Miranda evitou a subida pela calçada e foi pela estrada. Diz ele que foi por causa de não amachucar as cerejas que trazia! Só não foi obrigado a voltar para trás e a fazer a subida pelo caminho indicado no trilho por que as cerejas eram realmente boas e souberam muito bem. Depois daquelas subidas merecia-se um prémio, almoçou-se na esplanada do restaurante Varandas do Alentejo, que fica dentro das muralhas do Marvão. Após o almoço havia que encontrar uma sombra para fugir ao calor e para descansar. Encontrou-se um excelente local para a sesta no jardim junto ao castelo. Uns ficaram nos bancos do jardim, outros nos muros e um, o Filipe, na manta de sobrevivência no relvado que era suposto não pisar. O descanso durou até às 17:00, altura em que o Miranda resolveu acordar toda a gente. E em boa hora o fez porque mais algum tempo e ainda alguém era devorado pelas bichas-cadelas. Lá se arrancou em direcção a Alegrete, não sem antes o Filipe tentar disfarçar a relva toda pisada e todos os aventureiros se debatessem a expulsar as bichas-cadelas que insistiam em apanhar uma boleia clandestina nos alforges. Desta vez o trilho poupou a subida ao topo da Serra de São Mamede. Os caminhos estavam com muita pedra solta e provocaram a primeira avaria mais séria na bicicleta do Filipe, um furo, ou melhor um rasgão causado por uma pedra. O furo aconteceu mesmo junto à casa do Sr. João Pires Bonito, um taxista de Portalegre que vive isolado no meio do monte com a sua esposa e que tinha passado por nós há alguns minutos atrás, tendo dado azo a algumas brincadeiras do género, “quem é que quer desistir e chamou o táxi?”. Tanto o taxista como a esposa foram bastante amáveis e simpáticos. Ele ajudou a remendar o furo, emprestando o compressor que possui para fins agrícolas e ela deu água fresca proveniente da fonte privada que eles possuem no quintal. Ainda deu para conversar um pouco mas ainda faltavam alguns kms para fazer, agradeceu-se a ajuda e lá se seguiu viagem. Em Alegrete ficou-se na “Casa de Alegrete”. Trata-se da casa de um casal muito simpático com 2 filhos que se dedica ao turismo rural e à agricultura industrial. Para além da quinta onde está inserida a casa, possuem uma herdade a cerca de 14kms dali com cerca de 200 hectares. Jantou-se num restaurante da terra, tiraram-se uma fotos e fomos dormir. Os quartos eram excelentes, pena serem apenas para uma noite.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Dia 5, Idanha-a-Nova - Vila Velha de Rodão, 89 km







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Hora de acordar, 6:00! Pequeno-almoço com o que havia disponível na cantina da pousada e com mais algumas coisas nossas. Partida às 8:00. O trilho neste dia entrou numa zona em que a paisagem começava a fazer lembrar que o Alentejo estava próximo. As subidas eram poucas e as que existiam eram bastante suaves, pelo menos comparativamente às que tínhamos feito no dia anterior da travessia. A maior dificuldade foi andar a abrir e a fechar cancelas. Houve mesmo que saltar a que seria a primeira de algumas vedações que teríamos de transpor e passar as bicicletas a braços por cima. A chegada a Monte Fidalgo foi por volta das 12:30. O local escolhido para almoçar e descansar foi o largo da igreja. Tinha sido um excelente local, não estivesse o sino programado para dar horas, o que impediu de se conseguir dormir uma revitalizadora sesta nas condições ideais. Enquanto por lá se esteve apareceu um Lisboeta de Carcavelos, também entusiasta de BTT, com quem se trocaram algumas impressões sobre este tipo de aventuras. Após o descanso o Miranda, o único que conseguiu dormir, acordou esfomeado mas como não encontrou um local para matar o bicho teve de continuar assim mesmo até Vila Velha de Ródão. Chegou-se a Vila Velha de Ródão às 19:00. A prioridade foi encontrar alojamento e mantimentos. Foi no supermercado que se encontrou um casal super simpático, habituado a receber outros aventureiros que fazem a travessia. Foram eles quem indicou um local alternativo para pernoitar, já que na primeira alternativa não foram propriamente simpáticos. O Sr. foi excepcional, vendeu os sais em pó para preparar a bebida energética que tinha em casa para consumo próprio. Após tratarmos da já habitual logística diária, banho, roupa, bicicletas, jantamos no restaurante da pensão a ver o último jogo de Portugal no Euro2008. Recolheu-se a roupa, que tinha ficado a secar nos bancos existentes na rua em frente à pensão, foi-se dar uma volta até à estação para digerir a comida e a derrota da selecção e de seguida foi-se até à modesta pensão tentar descansar. Tentar por que a pensão era tão modesta que oferecia as condições apenas mínimas, a casa de banho era comunitária, as camas faziam mais barulho que os sinos das vacas que se têm visto ao longo do percurso, os colchões eram pouco mais confortáveis que o chão que temos escolhido para dormir as sestas e o barulho era mais que o desejável. Em compensação o preço também foi bastante modesto o que permitiu poupar uns euros ao orçamento.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Dia 4, Alfaiates - Idanha-a-Nova, 95 km



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O pequeno-almoço foi em regime de buffet, mais uma vez estava tudo muito bom! Por volta das 9:00, após as peripécias com o cachorro que respondia pelo nome de boby e à foto com o dono da Residencial Pelicano, a aventura prosseguiu em direcção a sul. Os primeiros kms foram feitos em subida acompanhados pelo rio Douro que ia proporcionando umas paisagens espectaculares. Depois disso foi sempre a rolar até à Serra da Malcata. Chegados à serra, já conhecida de alguns, seguiu-se junto aos marcos que assinalam a fronteira com Espanha durante alguns kms. Tiraram-se fotografias da vista do alto da serra, a cerca de 1000 metros de altitude, parámos junto a uns guarda florestais com quem se conversou sobre as actividades que eles exercem e sobre as características da serra. Foram bastante simpáticos. Tiraram-se mais umas fotos e seguiu se viagem. A partir daquele ponto iniciava-se uma descida bastante dura para as bicicletas. Pouco tempo depois, o suporte do alforge do Miguel cedia aos rigores dos caminhos da serra, partiu-se o parafuso que suportava todo o peso, o que inutilizou o suporte. Após uma breve análise da situação, o Miranda ofereceu-se para voltar serra acima e tentar encontrar novamente os guarda-florestais podia ser que eles tivessem algum equipamento no jipe que pudesse auxiliar na recuperação do suporte. Enquanto isso, os restantes aventureiros ficaram a almoçar mas mal tinham começado, apareceu o Miranda de volta, dizendo que não tinha conseguido encontrar os guardas e argumentando que eles muito provavelmente saem para almoço ao meio-dia e por isso seria impossível voltar a encontrá-los. Suspeita-se que ele não voltou ao local onde eles estavam, por não ter conseguido dar com o local, ou então, por que estava tão esfomeado que não quis correr o risco de se afastar muito do local onde estava a comida. Depois do almoço as coisas do Miguel foram divididas por todos e lá se seguiu viagem por um sobe e desce constante. Chegou-se ao rio mas como tinha chovido há pouco tempo, o caudal obrigou a passar a pé, para não se correr o risco de molhar os alforges. Fazia-se sentir algum calor que convidava a um banho de rio. O Sérgio não resistiu e andou a refrescar-se e a molhar os outros aventureiros. Ainda faltavam muitos kms, após mais uma sessão fotográfica e o abastecimento dos cantis com água do rio, seguiu-se viagem. A Etapa estava a ser dura, o gráfico de altimetria não deixava dúvidas e se as houvesse, as subidas a pique, em linha recta, em direcção ao topo da serra, serviam para as afastar, algumas chegavam a assustar. Depois da última subida foi necessária uma pequena paragem para repor energias mas a partir dali foi sempre a descer até perto de Monsanto. Chegados lá, aproveitou-se para procurar alguém que pudesse reparar o suporte do alforge do Miguel. Encontrou-se o Sr. Sebastião, serralheiro da terra, bastante prestável que interrompeu o seu trabalho para improvisar um parafuso, sem cobrar por isso. Enquanto reparava o suporte, foi fazendo perguntas sobre a travessia, deu para perceber que apesar de não ter tido coragem de dizer, achava a aventura uma grande loucura, nem queria acreditar que o objectivo final era Sagres. Após atestados os bidões com água e provar uns pêssegos colhidos directamente da árvore pelo Miranda, continuou-se a subir em direcção à muralha. Chegados lá acima, puderam ver-se os caminhos que se iam percorrer em direcção a Idanha-a-Velha e confirmar que ainda faltavam uns quantos kms para o objectivo do dia que era Idanha-a-Nova. A descida de Monsanto foi feita pela antiga estrada em calçada romana, algo dura para quem estava sem suspensão total, caso do Sérgio e do Miguel. Talvez devido àqueles saltos todos, o Sérgio começou a revelar os primeiros sinais de mau estar, era obrigado a paragens bastante frequentes para aliviar a barriga. Chegados a Idanha-a-Velha, fez-se uma paragem um pouco mais prolongada do que o planeado para que o Sérgio recuperasse um pouco. Mal ele apresentou alguns sinais de recuperação, decidiu-se seguir viagem mas o estado do Sérgio não era o melhor e o dia já ia longo. No caminho para Idanha-a-Nova, depois de algumas hesitações quanto ao melhor caminho a seguir, devido ao adiantado da hora e ao estado debilitado do Sérgio teve de se pedir auxilio aos bombeiros locais. O Filipe e o Miguel ficaram a dar apoio ao Sérgio enquanto o Miranda voltou para trás até à estrada esperar pelos bombeiros. 30 Minutos depois o Sérgio estava a ser observado pela médica que veio na ambulância, não era nada de grave mas foi levado por precaução para o centro de saúde de Idanha-a-Nova para ser observado. Um obrigado à equipa que foi ao local, foi bastante prestável e compreensível. Já noite cerrada, os restantes aventureiros voltaram para Idanha-a-Velha, onde deixaram as bicicletas à guarda do Sr. do Café, de onde tínhamos saído há algum tempo atrás. Foram bastante simpáticos em nos terem arranjado um local seguro para as bicicletas, obrigado. Aguardou-se pelo táxi que teve de vir de Idanha-a-Nova e lá fomos de táxi até à pousada da juventude daquela mesma terra. O Miguel foi averiguar do estado de saúde do Sérgio e ver se ele precisava de alguma coisa, enquanto o Filipe e o Miranda foram dar entrada na pousada e tomar um banho. O Sérgio estava sobre o efeito de “benerons“ e com um aviso para não andar a beber água dos rios, isto claro, se quiser evitar os desarranjos intestinais. Não era nada de grave, isso é que importava mas lá que foi um susto, isso foi. Eram 00:30, após comer o que se conseguiu arranjar, estava tudo na pousada a dormir.


Contudo no dia seguinte optamos por ficar a descansar. Havia que dar tempo ao Sérgio para recuperar, ainda faltavam muitos kms para o objectivo final. Ainda bem que o Sérgio foi a desculpa para um dia de descanso, suspeita-se que os outros aventureiros lhe ficaram a dever um agradecimento por ter sido ele o culpado de tal benesse, não que não estivessem a gostar mas as mazelas nas pernas já se faziam sentir, um dia de descanso vinha mesmo a calhar para repor as energias. As bicicletas foram trazidas de Idanha-a-Velha com o apoio da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. Um especial agradecimento à Sra. Ana Paula e à sua colega que trataram as bicicletas com imenso cuidado. Um pedido de desculpa por o Filipe e o Miguel não terem chegado à hora combinada, a tempo de ir com elas buscar as bicicletas. Se puder servir de atenuante, o almoço no restaurante o Portão soube tão bem que nem se deu pelo tempo passar. A tarde serviu para tratar da roupa, das reparações das bicicletas e para carregar os tracks GPS. O Miguel mandou roupa para casa pelos correios de modo a reduzir o peso nos alforges. No fim de todos os problemas resolvidos ainda houve tempo para fazer companhia ao Sérgio que tinha passado o dia a descansar. A prova que o cansaço acumulado já começava a fazer efeito foi que adormeceu toda a gente e mal dava tempo para chegar ao Écomarché antes do fecho. Foi uma corrida de 15 minutos até lá mas conseguiu chegar-se a tempo de fazer as compras de supermercado para o dia seguinte. O jantar foi no Restaurante Espanhol que já no dia seguinte tinha sido bastante simpático para o Miguel e para o Sérgio. Às 23:30 estava tudo a dormir.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Dia 3, Barca D'alva - Alfaiates, 106 km



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Saída às 8:45 quando ainda não chovia. Alguém tomou a iniciativa de perguntar a uma moça da terra por onde seria o caminho. Aparentemente foi só para meter conversa, pois a sugestão dela não foi seguida, apesar da sua determinação em dizer que era exactamente no sentido contrário em que se seguiu. Os primeiros 20 Kms foram a subir desde os 150m até aos 800m e com muita chuva. A chuva acompanhada de trovoada foi um pouco incomodativa obrigando mesmo a uma paragem um pouco mais prolongada à hora do reforço alimentar em Castelo Rodrigo para alguns dos aventureiros se protegerem melhor contra o frio e para uma pequena reparação do suporte do alforge do Filipe, faltava um parafuso e antes que a avaria se agrava-se o Miranda resolveu o problema. Lá se ganhou coragem para seguir mesmo debaixo de chuva mas nem tudo era mau, o piso era bastante bom e não havia subidas, à frente só se via planície. Passamos por Almeida onde se visitaram as muralhas e tiraram algumas fotos. Perto de Vilar Formoso fez-se um pequeno desvio do trilho para repor energias. A fome era tanta que após as compras abancamos mesmo ali no hall de entrada do Écomarché. Enquanto ali estávamos sentados, no chão, a devorar a comida, volta não volta, lá passava um cliente do supermercado mais simpático que desejava bom apetite. Após o almoço a chuva continuou mas por pouco mais tempo, o que deu oportunidade para desfrutar das paisagens deslumbrantes até Alfaiates. A chegada à Pensão Residencial Pelicano foi por volta das 18:40, preparamos as coisas para o dia seguinte, as condições eram excelentes, deu para lavar as bicicletas e a roupa que tinham sofrido bastante com a lama que apanhamos pelo caminho. O único problema foi o cachorro que pertencia ao dono da pensão insistir em brincar com tudo o que apanhava à mão, o que obrigou a ter atenção redobrada para que no dia seguinte não faltasse nada, ainda houve quem tivesse de correr atrás dele para recuperar as botas, as meias, as palmilhas, enfim no final já havia quem não achasse piada nenhuma à situação. O jantar foi em grande, mais parecia o buffet de um casamento, sopa, prato de peixe, prato de carne e imensas sobremesas, em resumo o tratamento foi excepcional.

domingo, 15 de junho de 2008

Dia 2, Sendim - Barca D'alva, 85 km

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Partida de Sendim às 8:40. O tempo prometia chuva, o que se veio a verificar pouco tempo depois mas nada de muito incomodativo. Os primeiros kms foram feitos junto à fronteira com Espanha, com várias passagens por estradas romanas em bastante mau estado, o que obrigou várias vezes a andar com a bicicleta à mão. Durante a manhã foram surgindo variadíssimas linhas de água que por vezes obrigavam a carregar as bicicletas às costas para evitar molhar o pijama. O almoço foi à grande, principalmente no que se refere à sobremesa, foram improvisadas várias especialidades com mel: madalenas com mel, pão com mel e banana com mel. As migalhas que foram caindo provocaram uma lamentável mini guerra entre formigueiros locais, ainda tentamos repor a normalidade mas a desordem estava instalada. Lá ficaram as formigas à bulha enquanto se seguia viagem em direcção a sul. Pouco depois encontraram-se inesperadamente umas cerejeiras. A paragem para provar as cerejas era obrigatória! Apesar de algumas tropelias, como por exemplo alguns arranhões causados devido ao facto de ser necessário subir às árvores para conseguir chegar às cerejas, pois as cerejas acessíveis a partir do chão já há muito tinham desaparecido, todos conseguiram provar cerejas. À chegada a Freixo de Espada a Cintra optou-se por continuar, ao contrário do que estava planeado, entrou-se na zona do Douro Internacional. As paisagens são deslumbrantes, obrigaram a várias paragens para tirar fotos, algumas bem demoradas porque o fotógrafo de serviço, o Sérgio, queria colocar todo o cenário envolvente na fotografia, uma tarefa impossível de conseguir. O percurso nesta zona por vezes obriga andar com a bicicleta à mão mas a dificuldade do terreno é compensada pela beleza da paisagem. A chegada em sprint a Barca de Alva deu-se por volta das 17:30. Ficamos alojados na única residencial que por ali existe. Prepararam-se as bicicletas para o dia seguinte, tomou-se um belo banho, abancamos na esplanada para ver o jogo dos 4º. de final do Euro2008, jantou-se javali e foi-se dar uma volta a pé até ao rio.

sábado, 14 de junho de 2008

Dia 1 - Rio de Onor - Sendim, 104 Km

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Partida de Rio de Onor às 8 da manhã. A primeira de muitas subidas estava mesmo ali à frente, lá se iniciou a subida num ritmo lento mas por pouco tempo… Ao fim de poucos metros o Sérgio descobriu que se tinha esquecido das luvas! Voltou para trás enquanto os outros aventureiros ficaram à sua espera. Uns minutos depois lá estava o grupo a seguir viagem. Pouco depois a primeira paragem por avaria numa bicicleta, foi ao km 15 que o Miranda furou, ou melhor abriu uma cratera no pneu traseiro. Logo ali foram duas câmaras-de-ar a menos no stock, cerca de meia hora a colocar a primeira que não aguentou a operação até ao final, quando já estava tudo montado tinha uma fuga de ar na zona do pipo… Mais meia hora a substituir por outra câmara-de-ar sem fugas de ar. O excesso de tempo para realizar a operação ficou a dever-se ao facto de se tratar de um pneu tubeless que não é nada fácil tirar e voltar a colocar no aro sem provocar estragos no material. Até à hora de almoço foi sempre a pedalar por caminhos agrícolas de muito bom piso e por entre paisagens transmontanas. A paragem para o almoço foi junto ao rio Rio Maçãs, perto de uma ponte e de uma represa à sombra de uma árvore. A vontade era ficar ali a descansar mas ainda faltavam bastantes kms para cumprir o objectivo traçado para a 1ª. etapa. Lá se seguiu viagem até Pinelo, onde se parou para abastecer de água e não só… A família Pires, um casal de ex emigrantes em França foram muito simpáticos, meteram conversa a perguntar se éramos amigos de uma tal Sra. Maria Silva que todos os anos passa por ali de bicicleta mais um grupo de amigos. Depressa se reuniu ali um grupo de pessoas. Conversa puxa conversa, mais uma ou duas fotos, eis senão quando a Sra. resolve presentear os aventureiros com uma bela de uma jeropiga caseira e umas iguarias da região a acompanhar. Eram irresistíveis e não só para ciclistas, até o Sr. da “family frost” resolveu provar, ainda por lá ficou quando se partiu em direcção ao próximo destino. Pelo caminho encontraram-se pessoas com alfaias agrícolas já pouco usuais nos nossos dias, encontrou-se um arado puxado por burros e um Sr. com uma foice e respectiva pedra de amolar guardada num corno de vaca seco pendurado à cintura. A trilho passa pela Casa de Caçarelos uma antiga estalagem para as diligências, agora totalmente recuperada, com um aspecto de assinalável bom gosto e requinte, onde o dono convidou a entrar, a conhecer os aposentos e a provar alguns dos frutos biológicos, provenientes da quinta onde está inserida a estalagem. Um belo sítio para grupos de pessoas passarem alguns dias a desfrutar dos mimos da região. Às 18:40 e após 102 Kms estava comprida a 2ª. Etapa que terminou em Sendim. A dormida foi na pensão / restaurante Gabriela onde se comeu uma bela de uma posta. O tratamento foi 5 estrelas, lavaram e secaram-nos a roupa e arranjaram-nos o almoço para levarmos connosco nas bicicletas. Um obrigado muito especial pela disponibilidade e gentileza demonstradas.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Dia 0, Esposende - Rio de Onor




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Partida de Esposende logo pela manhã na carrinha da Junta de Freguesia de Esposende, conseguida através do contacto com a Câmara Municipal Local. Aqui fica um obrigado pelo apoio da Câmara e Junta de Freguesia de Esposende, conseguido através do Miranda. Passagem pela casa do Miguel e do Sérgio conforme combinado para evitar a deslocação deles até Esposende. Chegada a Bragança à hora de almoço. Almoçou-se num restaurante da cidade, efectuaram-se algumas compras de supermercado e seguiu-se para Rio de Onor, onde se chegou a meio da tarde. Dirigimo-nos a casa do Presidente da Junta local, o Sr. Preto, que tinha ficado de alugar uma casa onde dormir. Montados os alforges nas bicicletas, foi conhecer-se a aldeia e descobrir onde começava o trilho em direcção a Sagres. O lanche foi no bar do centro recreativo da aldeia. Graças à hospitalidade de uma vizinha, teve-se direito a um pão caseiro, já com uns dias mas que acompanhado com os petiscos soube muito bem. Enquanto se comia foi-se ouvindo a história da aldeia que até há bem pouco tempo ainda via os seus habitantes viver em comunidade. Como o restaurante mais próximo ficava quase a uma dezena de kms e a subir, que teriam de ser feitos a pedalar, optou-se por ir ao lado espanhol onde há uma pequena loja de conveniência comprar qualquer coisa para o jantar. O Miguel encarregou-se de cozinhar uma excelente salada de atum com massa e ovo cozido. A esposa do Sr. Preto teve a simpatia de nos oferecer a bebida e a sobremesa. Após o jantar seguiu-se um pequeno passeio antes da hora de ir dormir.

quinta-feira, 12 de junho de 2008










FULLSPORT
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